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Um bom verão

No verão há o ficar, há o ir, há o voltar…

por Luís Vaz

leitura de 5 minutos

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No verão há o ficar, há o ir, há o voltar… este ano, o meu ir foi inspirado por uma tarde de cinema com a bonita comédia romântica “A Good Year”… e se acham que a culpa foi das deslumbrantes paisagens do sul de França, são capazes de ter razão! A vontade de ver e sentir bem de perto aqueles lugares fantásticos para onde o ecrã já me tinha transportado estava instalada. A vontade de ir ganhou força à medida que os preparativos se finalizavam, o dia da viagem se aproximava e as expetativas deixavam-me a sonhar acordado. Quando cheguei, ninguém me tirava o sorriso dos lábios, nem o espanto dos olhos. Expectativas superadas.

Bienvenue en Provence!

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Para onde quer que me virasse, havia paisagens de cortar a respiração, havia cores que pareciam ainda mais coloridas, se é que isso é possível: um azul mais azul, um verde mais verde. Conheci todos os locais onde o filme foi rodado: Gordes, Cucuron e o Château La Coanorgue em Bonnieux são imperdíveis e integram o Parque Natural Regional de Luberon. Com as suas cidades pitorescas, châteaux imponentes, casas cor de areia encostadinhas umas às outras, prados verdejantes e campos de vinhas infinitos, esta foi a zona que mais me marcou, longe dos principais pontos turísticos, bem perto da alma francesa.

L’Isle-sur-la-sorgue não ficou atrás. Com os canais do rio Sorgue a atravessarem toda a cidade, era inevitável a associação a Veneza, mas este lugar fantástico também tinha o seu próprio je ne sais quois… senti-me completamente em casa a fazer um piquenique nas margens do rio, saboreando as iguarias locais como se fosse a primeira vez.

Houve ainda tempo para uma escapadinha ao litoral, porque o mar mediterrâneo a brilhar em todo o seu esplendor azul turquesa nunca desilude e as praias de pedras brancas foram uma surpresa… primeiro estranha-se, depois traz-se uma mão cheia na bagagem para fazer companhia à coleção lá de casa.

E a luz? Puxando a fita atrás, é inegável que grande parte do encanto do filme “A Good Year” é o facto de ter sido estrategicamente filmado naquilo que em fotografia se chama a golden hour: aquela hora mágica que acontece mesmo antes do pôr do sol, em que tudo fica mais quente, mais dourado, mais aconchegante. Senti no rosto várias golden hours, sempre com a sensação que poderia simplesmente ter ficado por ali, a ver o filme do meu verão a passar diante dos meus olhos.

Olhando à volta, parecia tudo saído de um filme!

Na câmara fotográfica trouxe mil e uma imagens como devem imaginar, mas também trouxe outras. As minhas melhores fotografias são aquelas que não tiro, as inesperadas, aquelas que ficam só na minha memória… como as quatro senhoras queridas, sentadas a jogar cartas num final de tarde francês… ou o gato perdido em cima de uma parede a namorar as folhas de uma árvore… um grupo de homens a terminar mais um dia de trabalho numa vinha carregada de uvas… ou o crepúsculo refletido em janelas discretas e que mais parece uma tela de Van Gogh. E por falar em Van Gogh, há um spoiler: o final de agosto não é a melhor altura para visitar esta região, os girassóis já secaram e as lavandas foram colhidas no final de julho, mas também não sei se o meu coração aguentaria tanta explosão de cor. Por um lado, foi melhor assim. Tenho mais uma razão para voltar.

Au revoir a um bom verão. Os postais estão todos guardados cá dentro.